PARE OLHE ESCUTE

ESCOSTEGUY Vida e obra

domingo, 27 de septiembre de 2009

CONSTRUÇÃO FLUTUANTE

Esta obra de Pedro Geraldo Escosteguy, entitulada CONSTRUÇÃO FLUTUANTE, foi apresentada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Guanabara, 1969, e premiada no 1º Salão da Bússola com o "Prêmio Pesquisa General Filmes". Pedro Geraldo Escosteguy em seu depoimento "O OBJETO NA DÉCADA 60/70" para o Departamento de Pesquisa e Documentação de Arte Brasileira da FAAP, Rio de Janeiro, em novembro de 1977, afirma: "Em pouco tempo o objeto se afirma como técnica artístico-expressiva autônima. Suas variantes, pelo menos nas minhas mãos, foram inúmeras. Não só os construí desmontáveis como com movimentos mecãnicos. Ora fixos, próprios para a ocupação de um muro, ora móveis, como no caso de 'Operação Tartaruga', 'Totem', 'Cyborg' 'Tiro-ao-Alvo', ect. Sempre escolhi o suporte de acordo com as intenções semânticas. Fui do acrílico à água (no caso dos 'flutuantes', ou da escultura cinética 'Do Amo ao Amor', e os imantados 'Mapão'). Às vezes a construção foi totalmente concebida por mim, noutras, como na violência da 'Bomba' suspensa no teto por fio de nylon, era um verdadeiro petardo pintado de dourado, na iminência de cair sobre o signo bíblico da maça. Numa certa ocasião construí minha própria praça de trigo, feijão, milho e arroz, em torno de um 'monumento' central, onde o realejo horizontal reproduzia uma canção folclórica de ninar (Germinal)..."

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domingo, 6 de septiembre de 2009

MANÍACO

MANÍACO Maníaco. Tinha um arsenal de fotografia. An- dava um pouco e - tlac. - Revelava - fixava - copiava. Se deslumbrava. Depois passou para o filme. Descobria ângulos. Surpreendia o efêmero. Em- punhava a máquina em todos os cantos. - Para quê? - Para rodar. Colou um poema na parede do labora- tório:
a nuvem u o s s a Por aqui p Na penumbra salvou-se o tédio. Ninguém entendia. Mas o poema lhe concedia trocas. Era a sua Sonata. Certa vez rodou o filme n° 4. Rosto alegre. Olhos brilhan- tes. Background de pessegueiros pesados. Fevereiro. Um fevereiro farto. O número 20 cresceu de dentro para fora. Do obscuro para o dia. Descobriu a luz transpondo o filtro de estalactite. Suspirou fundo. Na paisagem da vila perdida, que pensaria o mascate que passou montado num burro? Rodara muitos filmes. - Para quê? - Para rodar. O documentário dos desconhecidos desman- telando um edifício. Tempo de raiva. Crianças brincando de roda. Tempo do tempo ingênuo. Maníaco. Catalogava seus flashes com ternura. O momento da flor. A escada da solidão. Três arados contra o vento. Maníaco trabalhava de noite. Uma noite foi invadida por um sujeito. - Vou curá-lo. - Como? - Destruindo seus filmes. Então os olhos do homem se tornaram duros como pedra. Violentos como a cena da catarata. Decididos como um tiro. - Por quê? - Para r-o-d-a-r. É que o maníaco não sabia se recom- por apenas com idéias. Precisava de imagens. Tudo isso que era ele. Ridículo. Generoso. Sensível. Cir- cunspecto. Prescindiria de tudo, o maníaco. Menos de sua biografia inalterável. O que sobrava de si mesmo.

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