PARE OLHE ESCUTE

ESCOSTEGUY Vida e obra

martes, 26 de mayo de 2009

ALPGE - ACERVO LITERÁRIO DE PEDRO GERALDO ESCOSTEGUY

Maquete do escritório de PGE em sua residência de POA

A concepção de acervo desenvolvida pela PUCRS associa, num mesmo sistema, as características usuais de um espólio, de um arquivo documental, de um museu e de um laboratório de pesquisa teórico-crítica e histórica. Nessa medida, os acervos podem ser vistos como mediadores, ao interpor-se entre a obra e a recepção, mas também como fontes históricas que ligam a vida do artista e a obra, apresentando uma abrangência maior que a simples conservação de papéis e materiais audiovisuais Os acervos estão em constante geração de matéria nova, de perspectivas diferentes sobre as especificidades e generalidades dos processos criativos artísticos, sobre as relações ciência/arte, literatura e outras artes, artista e obra, obra e mundo. Possibilitam visualizar as transformações no quadro literário e no próprio destino da obra de um autor já desaparecido, na medida em que sua obra literária, pictórica ou outra pode ser lida sob outras claves oriundas do momento presente. Os acervos literários, por reunirem os testemunhos críticos e históricos juntamente com as muitas ordens diversas de documentos, permitindo cotejos e confrontações, em sua função memorial, representam uma fonte de provocações às comunidades interpretativas. A variedade de fontes diretas leva a uma revisão de valores que perturbam as hierarquizações e as posições categóricas e estáveis no cânone do momento, mudando a face costumeira da história literária e das leituras consagradas. Apesar de a um acervo literário não caber apenas recolher as obras do escritor, mas também sua correspondência, fotos, objetos pessoais, prêmios, críticas sobre sua obra, recortes de imprensa de seu interesse, certamente, seu cerne é constituído pelos originais da obra do escritor. É a partir deles que se podem elaborar edições críticas, e é a partir deles, também, que uma cada vez mais forte corrente teórica vem se estabelecendo: a crítica genética. O acervo literário permite renovar os estudos literários, contrapondo a criação, num estado de permanente adequação ou correção, ao caráter de permanência da obra de arte. Torna possível, também, colocar ao alcance do estudante, professor, pesquisador, perfeitamente articulados num mesmo contexto, o elemento biográfico, o comentário crítico, a informação histórica, a obra e sua gênese, sua recepção e sua trajetória ao longo do tempo. A constituição, em 1991, do Acervo Literário de Pedro Geraldo Escosteguy (ALPGE), gerido pelo PUCRS, possibilitou não só a releitura de sua obra poética, que se perdera em edições de pequena tiragem, como também a recuperação de seus anticontos, obra de forte cunho vanguardista e a descoberta e publicação de poesias e haicais inéditos. As implicações desse Acervo ultrapassam, porém, o campo literário e enveredam para o lado mais amplo da arte, permitindo estabelecer uma poética artística de Pedro Geraldo Escosteguy, através da relação de sua obra literária com a pictórica. A “leitura” da sua obra está impregnada de certas suposições e idéias, que consciente ou inconscientemente, contêm elementos de teoria, pois os objetos com que lida o pesquisador são-lhe dados através de mediações. Por isso, devemos considerar a relação entre a instituição arte e o trato efetivo com as obras através de suas transformações históricas, questionando o que esta ideologia pode estar encobrindo. A interpretação histórica não cai no historicismo, servindo para evitar que a obra do passado venha a ser adaptada ingenuamente aos preconceitos e às expectativas de significado de nossa época. Permite ir além da reconstrução do passado, indicando quais expectativas os leitores de Escosteguy, no caso das pesquisas realizadas no ALPGE, podem ter satisfeito ou negado; qual a tradição que sua obra busca romper; qual a situação histórica e social referida na obra; como pode ter reagido o autor como seu primeiro leitor; e, quais os significados somente vistos no decorrer das recepções posteriores. É seu propósito, portanto, por meio do confronto expresso entre o horizonte de compreensão passado e o atual, deixar claro como o significado da obra se desdobrou historicamente pela interação de efeito e recepção, permitindo reconstruir as normas estéticas e morais com as quais Pedro Geraldo Escosteguy rompeu, abalando a sociedade e sua ideologia, servindo como uma crítica ao seu tempo.

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